domingo, 16 de junho de 2013

Dinheiro, violência, dor, diferenças, tristeza–Os Protestos

    Esta postagem deve ser longa. Se você entrou no meu blog, é porque gosta de ler, então se acomode, prepare um café, ou um chá, ou apenas sinta-se confortável porque a discussão vai ser longa.
     À princípio, criei o Polêmico para este tipo de discussão, mas, como este blog está a cada dia ficando mais bonito e exatamente com a minha cara, é aqui mesmo que vou trabalhar este assunto.
     Como já falei na postagem anterior, estou de volta ao trabalho, dando aulas, e por isso tive uma semana corrida. Na quinta-feira, quando cheguei em casa depois de dar aulas o dia inteiro, vim para o computador, e fico de lado para a TV, com ele, por isso, deixei ligado na Globo News enquanto tentava me concentrar no blog, na formatação, nos aprimoramentos, e ao mesmo tempo tentava acrescentar alguma coisa aos meus planos de aula. Mas, como às vezes acontece, ao invés das notícias costumeiras e programas de entrevista da grade do canal, fiquei escutando até aproximadamente às oito e meia, sobre os protestos contra o aumento das passagens de ônibus que estavam acontecendo em tempo real em São Paulo. Aí, desisti de olhar de esguelha, fechei o notebook, preparei dois sanduíches daqueles que eu adoro, com muito queijo e tomate, prensados na minha torradeira caseira (daquelas que ainda se põe sobre o bico do fogão à gás), e sentei-me para acompanhar as imagens, porque há coisas de que não consigo me furtar.
     Antes disso, na semana passada, dia 8 de junho, fiz esta postagem: Bolsa Estupro por causa do e-mail que recebi, já que sou seguidora do Blogueiras Feministas, como você pode ver à direita.
     E o tempo passou, fiquei assistindo aos protestos até cansar, lá pelas onze da noite, quando fui para a cama, a cabeça cheia de angústias e perguntas. Assuntos para o blog, eu pensava enquanto ia adormecendo… Tantos assuntos…
     Agora são 15:30 de uma tarde chuvosa de domingo, fiz os deveres mais urgentes (cozinhar, lavar, etc..), e enquanto os fazia, assistíamos ao filme infantil Robôs, e foi ouvindo o início que veio este insight. Há uma cena em que o Robozinho está recebendo peças usadas pelos primos para ir crescendo, porque seus pais eram trabalhadores pobres e não podiam lhe comprar peças novas…
     E isso me fez voltar à infância.
     É claro que tenho um perfil aqui do blog, que é visível para qualquer visitante, e é claro que um leitor mais curioso já deve ter espiado por ali. Mas este perfil não diz nada.
     A história do robozinho e a minha são muito parecidas. Fui uma criança muito pobre e até meus catorze ou quinze anos, tudo o que eu usava era de segunda mão, das roupas aos livros. Agora, ainda sou muito pobre. Tenho pouquíssimas coisas de valor, mas tenho o que quase todos nós, brasileiros, temos: garra, vontade de vencer, ambição, e, principalmente, esperança.
     Então, o que estou fazendo? Qual a minha intenção, com este título tão diversificado e esta história de pobreza e esperança?
     O trecho seguinte foi copiado do final da postagem: Revivendo:
   Conseguimos, temos um país democrata, somos liberalistas, e continuamos, podemos fazer isso. Crescemos amordaçados, mas nos libertamos e agora podemos experimentar essa maturidade com a certeza de que não vivemos em vão.
  Mas, estou com saudades, uma saudade tremenda daquela época, daquela cidade, daquelas coisas pelas quais ansiávamos, e que às vezes ainda me torturam em sonhos, à noite. Mais amor, mais compreensão, mais atitutes positivas, mais igualdade entre os seres humanos.
    Isto foi escrito há apenas um mês atrás. E é a mais pura verdade, só que agora, muito, muito mais intensa essa saudade de que falei. Agora, moro em Itapoá, uma cidade pequena que não tem espaço nem vontade para bradar contra situações intimidantes. Mas, morei em Porto Alegre, fui petista de carteinha, fui tão petista que ajudamos a derrubar preços de passagens e o governo da cidade. Colocamos Olívio Dutra na prefeitura, e demos tanta força ao Lula naqueles anos de 1989 a 1994… Fui tão ativista quanto poderia ter sido, e sim, sinto saudades.
     O blog ajuda, mas ninguém tem lido. Isto não importa, de verdade. O que importa é escrever, me soltar, dar vazão ao que tem estado trancado dentro de mim por vinte longos, longuíssimos anos.
     O que estes protestos tem em comum com aquela menina de dez, doze anos, que não tinha muito o que vestir? O que esta blogueira tem em comum com os manifestantes nas ruas de São Paulo ou os assinantes da petição que tenta derrubar o Estatuto do Nascituro?
      Calma, eu chego lá, já, já.
    Antes, preciso fazer um desabafo: sei que sou um pouco diferente dos blogueiros que sigo, dos tantos que me chamam atenção. Acho que sei, posso estar errada. A maioria é dos grandes centros do país, Rio, São Paulo… Acho que estes blogueiros são jovens, tão jovens e impetuosos, e os admiro muito por isso. Acredito também que a maioria deles não sofre pelos problemas financeiros que eu sofro. Manter minha banda larga ativa (só temos a operadora Oi aqui na cidade) é árdua tarefa mensal, preciso pegar daqui e dali para que não cortem meu telefone, é luxo!
     E então, foi que me veio a resposta, de que maneira falar de dois assuntos tão importantes ao mesmo tempo!
     Veja as imagens, elas falam por si mesmas, mas, antes, dá uma passadinha neste post do Blogueiras Feministas, e leia. Eu posso esperar.
     Já de volta? Que tal visitar o G1, então, aí:
        Fotos   
Neste link há 69 fotos dos protestos em São Paulo. Veja todas! Esta me impressionou muito:
Leia o relato desta jornalista aqui. Role a página até encontrar e leia!
Leia, também, o comentário do Émerson Veríssimo feito em uma das páginas do G1 sobre os protestos: Tenho nojo da Globo... por que vcs não dizem que a própria polícia tava depredando o carro de polícia? Por que vcs não dizem que os próprios policiais começaram a confusão? A Globo ainda tenta alienar as pessoas mesmo depois da ditadura... tenho nojo de vcs...
Atenção especial às fotos: 38
Palavras de Alkmin: Uma coisa é movimento, tem que ser respeitado, ouvido, dialogado. Outra coisa é vandalismo, é você interromper artérias importantes da cidade, tirar o direito de ir e vir das pessoas, depredar o patrimônio público que é de todos. Isso não é possível, aí é caso de polícia e a polícia tem o dever de garantir a segurança das pessoas”, declarou. - ora, falando como uma antiga manifestante, o movimento só tem força se incomodar e para isso, todos sabem, é preciso fechar artérias, incomodar, quanto à depredação... veja:
foto 47- vemos que a porta já estava anteriormente pichada, coisa normal em qualquer cidade brasileira, então, o argumento de que pichar os ônibus durante o protesto caracteriza manifestação violenta, depredação, não cola!
Não cola mesmo!
Foto 52: a pergunta que não quer calar!
Fotos 54 a 58: Ponto de encontro! Coisa linda!
     Continue pesquisando a seu bel prazer, caso lhe interesse, como eu e muitos outros.
     Por que protestar? O que o título desta postagem tem a ver com estas imagens e essa minha frustração de não estar lá, assim como não estive em Porto Alegre no início de abril, quando os estudantes de lá ganharam? E, também, o Estatuto do Nascituro? Você já sabe do que se trata este Estatuto? Leu o Blogueiras Feministas que eu indiquei?
     Agora vou tentar me explicar:
     Dinheiro: somos um mundo capitalista, sim, e isso nos impulsiona para a frente. Somente quando Lula entendeu que devia fazer parcerias e parar de subestimar o poder do dinheiro, ganhou as eleições. Todos nós só queremos evoluir, e o dinheiro nos permite isso. E o dinheiro está diretamente vinculado ao preço das passagens. Numa cidade como São Paulo, vinte centavos diários fazem uma enorme diferença, principalmente se você toma dois ônibus mais um trem e chega em casa em frangalhos… E a bolsa estupro diz exatamente a que veio: mulheres que irão se conformar com o estupro para receber um dinheirinho… Estupradores que jamais serão presos pois como poderão pagar o auxílio se não puderem trabalhar? Aqui já entrou a violência.
     Dor, diferenças, tristezas… A Música do Belchior já dizia “…apesar de tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos, e vivemos, como os nossos pais…”
     Eu estranho. Nos blogues que leio, ninguém reclama de falta de dinheiro. Minha intuição me diz que não é porque o dinheiro não falta a eles. Minha intuição me diz que brasileiro tem vergonha de ser pobre, não gosta de admitir isso, mas eu sei que apesar da inflação controlada, estamos a perigo… O próprio aumento das passagens de São Paulo foi postergado porque teria sido em janeiro, e isso causaria um inflação desproporcional para o período, explicam os economistas. É preciso tomar cuidado, vigiar! Estamos bem, com a inflação sob controle. Mas, gato escaldado tem medo de água quente!
     Por isso, eu queria morar em São Paulo esta semana. Amanhã tem protesto de novo. Passeata, manifestação, encontro e luta. Você vai?

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