domingo, 23 de junho de 2013

Marcha em Itapoá, Marcha no Blog ( Uma Lição)

     Eu estava errada. E não é a primeira vez que erro, nem vai ser a última. Eu estava errada porque pensava que Itapoá não sairia às ruas, pensava que ficaríamos assistindo a tudo em casa, pela televisão.
     Quando travalhava no Correio, eu atendia muitos comerciantes e pequenos empresários, e há anos escutava reclamações sobre a carga de impostos e a quase inviabilidade de se manter um pequeno negócio. Sempre concordei com estas reclamações. Às vezes as conversas se inflamavam e eu sempre tinha de interromper, porque afinal, eu estava atendendo e sempre tinha fila…
     Mas, numa democracia, faz parte reclamar do governo.
     E  vinham as eleições e nada mudava.
    E nesta semana que passou, na anterior, eu achei que Itapoá, onde há tantos comerciantes, pequenos empresários, estudantes e trabalhadores de baixíssima renda, eu pensei, não vai acontecer. Não é um grande centro…
    Porém, como já escrevi anteriormente, agora sou professora da rede municipal, ouvi professores comentando que iriam, o Facebook começou a nos convidar e nossa reivindicação principal é o NÃO À PEC 37
     Chegou dezesseis horas (estava marcada concentração para as dezesseis e trinta na pista de skate, próxima à Prefeitura), e eu ainda estava em dúvida. Achava que talvez encontrasse umas dez, vinte pessoas.
     Acabei indo.
     E foi tão lindo: fomos até a Prefeitura, cantamos o hino, voltamos pela avenida Beira Mar e fomos indo pelo centro (não é o centro, mas é como se fosse) da cidade, até a Câmara de Vereadores, onde cantamos o hino novamente:
Cantando o Hino na frente da Câmara de Vereadores
     Quem estava lá? Os comerciantes, os estudantes, muitos trabalhadores, jovens de todos os tipos, muitas crianças, cachorros (Itapoá tem muitos!), todos pacíficos e alegres, todos unidos e bem educados. Mas gritamos e deixamos nosso recado.
     Aos 49 anos, ainda tenho muito o que aprender. Vi alguns professores, mais do Estado que do Município. E isso não importa, pois quem não está lá, quer o mesmo que nós. Um movimento se faz com ideias. Para ganhar o que se quer, é preciso presença, é claro, mas mesmo o apoio distante fortalece qualquer massa. Eu só queria mais clareza, senti falta de outras reivindicações. Além do NÃO À PEC 37, também gritamos por melhorias na saúde e educação, mas eu queria atenção ao Estatuto do Nascituro, que ninguém menciona, eu queria falar da segurança e dos impostos, eu queria falar tantas coisas… Mas acho que podemos, ainda. É só não perder o foco e não deixar esmorecer o entusiasmo.
     Talvez cem, cento e poucas pessoas, mas foi bonito de ver.
     Dia 26 tem de novo. Quem quiser, pode me encontrar lá!

domingo, 16 de junho de 2013

Dinheiro, violência, dor, diferenças, tristeza–Os Protestos

    Esta postagem deve ser longa. Se você entrou no meu blog, é porque gosta de ler, então se acomode, prepare um café, ou um chá, ou apenas sinta-se confortável porque a discussão vai ser longa.
     À princípio, criei o Polêmico para este tipo de discussão, mas, como este blog está a cada dia ficando mais bonito e exatamente com a minha cara, é aqui mesmo que vou trabalhar este assunto.
     Como já falei na postagem anterior, estou de volta ao trabalho, dando aulas, e por isso tive uma semana corrida. Na quinta-feira, quando cheguei em casa depois de dar aulas o dia inteiro, vim para o computador, e fico de lado para a TV, com ele, por isso, deixei ligado na Globo News enquanto tentava me concentrar no blog, na formatação, nos aprimoramentos, e ao mesmo tempo tentava acrescentar alguma coisa aos meus planos de aula. Mas, como às vezes acontece, ao invés das notícias costumeiras e programas de entrevista da grade do canal, fiquei escutando até aproximadamente às oito e meia, sobre os protestos contra o aumento das passagens de ônibus que estavam acontecendo em tempo real em São Paulo. Aí, desisti de olhar de esguelha, fechei o notebook, preparei dois sanduíches daqueles que eu adoro, com muito queijo e tomate, prensados na minha torradeira caseira (daquelas que ainda se põe sobre o bico do fogão à gás), e sentei-me para acompanhar as imagens, porque há coisas de que não consigo me furtar.
     Antes disso, na semana passada, dia 8 de junho, fiz esta postagem: Bolsa Estupro por causa do e-mail que recebi, já que sou seguidora do Blogueiras Feministas, como você pode ver à direita.
     E o tempo passou, fiquei assistindo aos protestos até cansar, lá pelas onze da noite, quando fui para a cama, a cabeça cheia de angústias e perguntas. Assuntos para o blog, eu pensava enquanto ia adormecendo… Tantos assuntos…
     Agora são 15:30 de uma tarde chuvosa de domingo, fiz os deveres mais urgentes (cozinhar, lavar, etc..), e enquanto os fazia, assistíamos ao filme infantil Robôs, e foi ouvindo o início que veio este insight. Há uma cena em que o Robozinho está recebendo peças usadas pelos primos para ir crescendo, porque seus pais eram trabalhadores pobres e não podiam lhe comprar peças novas…
     E isso me fez voltar à infância.
     É claro que tenho um perfil aqui do blog, que é visível para qualquer visitante, e é claro que um leitor mais curioso já deve ter espiado por ali. Mas este perfil não diz nada.
     A história do robozinho e a minha são muito parecidas. Fui uma criança muito pobre e até meus catorze ou quinze anos, tudo o que eu usava era de segunda mão, das roupas aos livros. Agora, ainda sou muito pobre. Tenho pouquíssimas coisas de valor, mas tenho o que quase todos nós, brasileiros, temos: garra, vontade de vencer, ambição, e, principalmente, esperança.
     Então, o que estou fazendo? Qual a minha intenção, com este título tão diversificado e esta história de pobreza e esperança?
     O trecho seguinte foi copiado do final da postagem: Revivendo:
   Conseguimos, temos um país democrata, somos liberalistas, e continuamos, podemos fazer isso. Crescemos amordaçados, mas nos libertamos e agora podemos experimentar essa maturidade com a certeza de que não vivemos em vão.
  Mas, estou com saudades, uma saudade tremenda daquela época, daquela cidade, daquelas coisas pelas quais ansiávamos, e que às vezes ainda me torturam em sonhos, à noite. Mais amor, mais compreensão, mais atitutes positivas, mais igualdade entre os seres humanos.
    Isto foi escrito há apenas um mês atrás. E é a mais pura verdade, só que agora, muito, muito mais intensa essa saudade de que falei. Agora, moro em Itapoá, uma cidade pequena que não tem espaço nem vontade para bradar contra situações intimidantes. Mas, morei em Porto Alegre, fui petista de carteinha, fui tão petista que ajudamos a derrubar preços de passagens e o governo da cidade. Colocamos Olívio Dutra na prefeitura, e demos tanta força ao Lula naqueles anos de 1989 a 1994… Fui tão ativista quanto poderia ter sido, e sim, sinto saudades.
     O blog ajuda, mas ninguém tem lido. Isto não importa, de verdade. O que importa é escrever, me soltar, dar vazão ao que tem estado trancado dentro de mim por vinte longos, longuíssimos anos.
     O que estes protestos tem em comum com aquela menina de dez, doze anos, que não tinha muito o que vestir? O que esta blogueira tem em comum com os manifestantes nas ruas de São Paulo ou os assinantes da petição que tenta derrubar o Estatuto do Nascituro?
      Calma, eu chego lá, já, já.
    Antes, preciso fazer um desabafo: sei que sou um pouco diferente dos blogueiros que sigo, dos tantos que me chamam atenção. Acho que sei, posso estar errada. A maioria é dos grandes centros do país, Rio, São Paulo… Acho que estes blogueiros são jovens, tão jovens e impetuosos, e os admiro muito por isso. Acredito também que a maioria deles não sofre pelos problemas financeiros que eu sofro. Manter minha banda larga ativa (só temos a operadora Oi aqui na cidade) é árdua tarefa mensal, preciso pegar daqui e dali para que não cortem meu telefone, é luxo!
     E então, foi que me veio a resposta, de que maneira falar de dois assuntos tão importantes ao mesmo tempo!
     Veja as imagens, elas falam por si mesmas, mas, antes, dá uma passadinha neste post do Blogueiras Feministas, e leia. Eu posso esperar.
     Já de volta? Que tal visitar o G1, então, aí:
        Fotos   
Neste link há 69 fotos dos protestos em São Paulo. Veja todas! Esta me impressionou muito:
Leia o relato desta jornalista aqui. Role a página até encontrar e leia!
Leia, também, o comentário do Émerson Veríssimo feito em uma das páginas do G1 sobre os protestos: Tenho nojo da Globo... por que vcs não dizem que a própria polícia tava depredando o carro de polícia? Por que vcs não dizem que os próprios policiais começaram a confusão? A Globo ainda tenta alienar as pessoas mesmo depois da ditadura... tenho nojo de vcs...
Atenção especial às fotos: 38
Palavras de Alkmin: Uma coisa é movimento, tem que ser respeitado, ouvido, dialogado. Outra coisa é vandalismo, é você interromper artérias importantes da cidade, tirar o direito de ir e vir das pessoas, depredar o patrimônio público que é de todos. Isso não é possível, aí é caso de polícia e a polícia tem o dever de garantir a segurança das pessoas”, declarou. - ora, falando como uma antiga manifestante, o movimento só tem força se incomodar e para isso, todos sabem, é preciso fechar artérias, incomodar, quanto à depredação... veja:
foto 47- vemos que a porta já estava anteriormente pichada, coisa normal em qualquer cidade brasileira, então, o argumento de que pichar os ônibus durante o protesto caracteriza manifestação violenta, depredação, não cola!
Não cola mesmo!
Foto 52: a pergunta que não quer calar!
Fotos 54 a 58: Ponto de encontro! Coisa linda!
     Continue pesquisando a seu bel prazer, caso lhe interesse, como eu e muitos outros.
     Por que protestar? O que o título desta postagem tem a ver com estas imagens e essa minha frustração de não estar lá, assim como não estive em Porto Alegre no início de abril, quando os estudantes de lá ganharam? E, também, o Estatuto do Nascituro? Você já sabe do que se trata este Estatuto? Leu o Blogueiras Feministas que eu indiquei?
     Agora vou tentar me explicar:
     Dinheiro: somos um mundo capitalista, sim, e isso nos impulsiona para a frente. Somente quando Lula entendeu que devia fazer parcerias e parar de subestimar o poder do dinheiro, ganhou as eleições. Todos nós só queremos evoluir, e o dinheiro nos permite isso. E o dinheiro está diretamente vinculado ao preço das passagens. Numa cidade como São Paulo, vinte centavos diários fazem uma enorme diferença, principalmente se você toma dois ônibus mais um trem e chega em casa em frangalhos… E a bolsa estupro diz exatamente a que veio: mulheres que irão se conformar com o estupro para receber um dinheirinho… Estupradores que jamais serão presos pois como poderão pagar o auxílio se não puderem trabalhar? Aqui já entrou a violência.
     Dor, diferenças, tristezas… A Música do Belchior já dizia “…apesar de tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos, e vivemos, como os nossos pais…”
     Eu estranho. Nos blogues que leio, ninguém reclama de falta de dinheiro. Minha intuição me diz que não é porque o dinheiro não falta a eles. Minha intuição me diz que brasileiro tem vergonha de ser pobre, não gosta de admitir isso, mas eu sei que apesar da inflação controlada, estamos a perigo… O próprio aumento das passagens de São Paulo foi postergado porque teria sido em janeiro, e isso causaria um inflação desproporcional para o período, explicam os economistas. É preciso tomar cuidado, vigiar! Estamos bem, com a inflação sob controle. Mas, gato escaldado tem medo de água quente!
     Por isso, eu queria morar em São Paulo esta semana. Amanhã tem protesto de novo. Passeata, manifestação, encontro e luta. Você vai?

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Ensinando

     Se você lembra, há uma postagem de abril em que falei que estava desempregada: esta aqui, e agora, tudo mudou, porque ontem e hoje foram dias mágicos. Na verdade, a semana começou mágica! Foi assim: lá por março, eu tinha mandado meu currículo por e-mail para a prefeitura da minha cidade porque fiquei sabendo que havia falta de professores de artes nas escolas municipais. E fiquei esperando, na certeza de que deveria pelo menos me matricular para conseguir uma das vagas que eram certas lá no início do ano. E esperei ainda mais, porque, desempregada, ficou difícil conseguir o dinheiro para pagar a matrícula, mesmo sendo faculdade à distância, etc…
     E eis que, na sexta-feira, dia 7, fui até Joinville, depois de muito insistir com meu filho e minha nora que precisava me matricular, fiz a bendita matrícula para o curso de Licenciatura em Artes Visuais do curso à distância, e voltei bem feliz para casa. E pensei, agora vou esperar um pouco mais até comprovar minha matrícula junto à prefeitura, para que me chamem como não habilitada.
     E na segunda-feira logo depois do meio-dia ( a prefeitura daqui só funciona até as catorze horas), sem eu ter enviado ainda meu currículo atualizado, a Secretaria de Educação me ligou para ver seu estaria interessada em assumir 20 horas nas escolas do município…
Source: flickr.com via Karen on Pinterest
    O que você acha que eu respondi?
   São seis horas e dezessete minutos desta tarde de sexta-feira, e eu saí de uma turminha de primeiro ano onde hoje, excepcionalmente, substituí uma professora que foi ao médico. Sim, porque desde ontem, dia 13 de junho, sou a nova professora de Artes dos segundos, quartos, quintos e sextos anos de duas escolas de minha cidade.
    Por isto tudo o blog andou um pouco abandonado, mas não totalmente, e aqui estou para contar a novidade.
     Feliz?
     Ah, mas feliz é uma palavra muito pequena para exprimir meus sentimentos.
     Estou Explodindo de Alegria!!!!!!!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O Amor da Minha Vida

     Estou digitando o diário, mas acho que já falei nisso, e, coincidentemente, estou numa parte, lá nos meus dezoito anos, em que eu, mesmo casada, sentia atração por outros meninos. Eu tinha um especial, que era uma imagem que eu fazia na minha mente do que seria o homem ideal. Até hoje tenho essa imagem dentro de mim, convivo com ela todos os dias, na medida em que vou envelhecendo e os anos passam, vou reformulando, recriando, aprimorando, tornando ainda mais ideal meu homem ideal.
     Romântica incurável, vou levando minha vida dessa maneira. Enquanto casada, aquela era a máxima traição que eu me permitia. Nunca traí verdadeiramente, nem meu marido nem nenhum dos outros namorados que tive, mas o meu X sempre permanece, o amor da minha vida, o homem que, mesmo eu tendo já quase cinquenta anos, ainda sonho encontrar, ainda procuro pelas ruas, ainda quero para mim.
     E esta postagem é para comemorar a coincidência de eu estar justamente nesta parte do diário às vésperas do dia dos namorados! Esta parte do diário onde eu faço uma revisão de todos os meninos com quem tive envolvimento, de um olhar, um toque de mãos, um beijo na bochecha, um selinho, ou brincadeiras… Ou namoros mais quentes, até conhecer meu noivo e o casamento.
     Que bom ter esse diário para me lembrar de tudo o que vivi. Quando fico sozinha em casa como estou agora, tudo silencioso, sem marido e sem amor, eu sorrio feliz e digo para mim mesma que sim, tenho meu amor… Um sonho, um ideal muitas vezes aperfeiçoado, mas só e todo meu, fiel e companheiro como toda a mulher precisa.
     O amor da minha vida!

sábado, 8 de junho de 2013

Bolsa Estupro

     Pois é, fiquei muito supresa! Quer dizer que depois de tudo o que a gente conseguiu, que ainda é quase nada, tão pouco, na verdade, ainda temos de aguentar e lutar contra mais essa! Era só o que faltava! Se você também é feminista, linke lá e leia a matéria toda, leia e entenda, e participe da luta!

Blogueiras Feministas

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Violência Doméstica: Constatações e Desabafos

     Sábado, fui procurar meu diário porque, sempre, claro, preciso escrever coisas muito íntimas que nos blogs não é possível, até porque os blogs se destinam a discussões que o diário poderá não comportar. Ali, separei os quatro cadernos que escrevi à mão desde meus doze anos, e fiquei lamentando, novamente, todos aqueles textos que derramei por vários anos que se perderam, folhas soltas de cadernos, um caderno perdido e nunca mais recuperado, e o pior de todos, os arquivos que tinha salvado em disquete e que não consegui mais recuperar, lá dos idos anos noventa em diante. Depois disso, fiz a besteira de criar uma senha que não me lembro mais e assim, o Word criptografado levou mais algumas preciosas páginas do meu querido. Mas, imbatível como sempre, estou escrevendo de novo no diário, e vou, outra vez, digitar o antigo para manter esta ordem cronológica que tanto eu prezo, por neurose, por mania, TOC, sei lá…
     Mas, claro, eu tinha de ler alguma coisa, antes, me reencontrar pela milésima vez, e então, ontem à noite, procurei pela parte onde me separei de meu marido e fiquei muito abismada. O diário, que em si já era tão importante, ganhou uma nova dimensão com esta leitura, e eu fiquei olhando para minha letra de quando eu tinha vinte anos e quase sem acreditar, eu li as seguintes frases: Eu já contei que ele anda batendo em mim quando não consegue controlar sua raiva? (29 de abril de 1984). Claro que eu não sou santa e grito com ele, mas ele simplesmente não tem outra maneira de me enfrentar a não ser sendo violento, a não ser soltando um tapa ou um empurrão.
    Eu li e fiquei olhando abismada para o papel, para minha letra, para o que escrevi e no único lugar onde eu nunca menti, onde sempre fui tão sincera, e nem ao menos consegui me emocionar pelo aconteceu há tanto tempo, mas por minha postura quanto a estes fatos desde então.
     Como sempre fui tão feminista, sou feminista e muito inconformada com a situação da mulher em todo o mundo, em geral, meu comportamento sempre foi contrário à violência doméstica, claro, nem preciso mencionar isso, mas lembro como se fosse hoje que eu sempre afirmei que o Beto tinha me batido uma vez, que foi quando nosso casamento realmente acabou, mas está aí, no diário, o relato de várias situações, que não foram tantas e nem sangrentas, mas que nem por isso deixam de ser gravíssimas, e o mais importante, no meu entender, foi minha insistência em negar, meu comportamento de isso é assim mesmo, afinal, eu que era culpada! Pois, não está lá, no trecho citado, Claro que eu não sou santa e grito com ele, como se eu tivesse o dever de ficar calada para aquilo não acontecer…?
     Muitos anos depois, eu tive contato com mulheres que sofriam verdadeira violência doméstica e me gabava de não deixar que homem nenhum me batesse e não aceitar aquela passividade delas. Então, ontem, ao ler aqueles trechos (há um pouco mais, descrevendo nossas brigas), eu percebo como fiquei perto de me comportar como elas, como fiquei tão perigosamente perto de manter aquele casamento e aí, sei lá como teria sido, o que poderia ter acontecido. E digo perigosamente, porque eu mantive o carinho por ele por muito tempo depois, muito tempo…
     Este desabafo precisou vir aqui para o blog, porque, sim, eu sou uma mulher sozinha que vive num país que ainda acha que a violência doméstica é normal. Diariamente posso ver na televisão os casos e mais casos, e a recente lei Maria da Penha veio tarde, tão tarde…
     Eu me preocupo, mas estou feliz, porque não tenho ninguém para me abraçar e amar, mas também não tenho ninguém me controlando, ninguém dizendo como devo me vestir ou me comportar e, mais que isso, não tenho uma mão agressiva e ameaçadora vindo na minha direção se eu ousar infringir as regras!
     Bom dia!