quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Trajetória


Esta postagem é especial e feita para uma pessoa determinada. Vem em forma de postagem pública porque algumas pessoas desejam saber, então, preciso contar.
Aqueles que já leram meu perfil aqui do blog ou das minhas outras redes sociais, sabe que há três anos atrás eu não passava de uma funcionária dos correios que tinha ambições maiores. Mas a maioria não sabe que isso era só uma pequena parcela do que vivi antes de 2006, que foi quando passei no concurso dos correios e me mudei para a cidade de Itapoá – SC.
Em 1995 eu tinha 32 anos, um filho de cinco e, quando minha avó faleceu, isso era tudo o que era minha vida. Uma neta orfã,  minha segunda mãe tinha me deixado, eu não tinha nenhum companheiro e me vi sozinha com um filho que eu não tinha planejado, só tinha aceitado porque minha formação religiosa (católica) me cobrava e um emprego que só tinha o salário maravilhoso. Na época, bastante superior ao dos correios.
Neste trabalho, eu ia diariamente para sofrer de amores por um carinha que nunca me amou. Eu precisava conviver com ele e com a mulher que ele escolheu, muito parecida comigo em alguns aspectos, mas que não era eu. E ele não era o pai do meu filho. Nem isso…
Eu enlouqueci. Simplesmente, não suportei e enlouqueci.
Mas meu enlouquecimento teve muitos outros fundamentos que apenas isso. Não era só o sofrimento do meu amor não correspondido, que durou onze anos. Sim, onze anos. Fiquei obcecada e infeliz por onze anos.
Em 1995 tudo mudou.
Mas minha mudança foi interior e anterior a tudo isso.
Por volta de 1983, tomei contato com o primeiro livro sobre mecânica quântica que leria depois: O Ponto de Mutação, de Fritjof Kapra.
E, por incrível que pareça, sem querer parecer redundante, eu já sabia de tudo aquilo, porque sempre fui muito centrada em mim mesma, meus reflexos sobre o mundo e vice versa, então, ler aquele livro foi como ouvir alguém recontar a  minha história. Eu ficava perguntando, e não só em silêncio, mas para todas as pessoas que me rodeavam: você não sente isso, não é assim com você, também? E mais: achava e dizia que esse Fritjof nem precisava ter escrito uma coisa tão óbvia.
Minha grande ambição, até 1995, era ser escritora e contar minhas histórias inventadas. Desde menina, desde que me conheço por gente, aquilo sempre tinha sido minha verdadeira vocação, eu sabia que tinha nascido para escrever. Queria derramar meu coração em palavras, escritas e colocadas em folhas em branco, agora em telas em branco, e deixar fluir, deixar apenas fluir, que se vá e se some ao todo…
Criar. Elaborar. Inventar. Fantasiar. Palavras que sempre me nortearam.
Mas eu precisava sobreviver, e eu me considero uma escritora fraca, sem alcance de público, num país que não tem o hábito de ler como tem de assistir televisão. Em outros países o hábito da leitura é tão arraigado que para eles se tornam estranhas nossa fixação e dependência, incluido e agravado por uma leve indolência, eu diria, aceitando passivamente e sem questionar, ideias alheias por imagens e sons de aparelhos eltrônicos. Mas isso seria absurdo, eletrônico, não, já que é o futuro do livro. Vamos tirar o eletrônicos desta frase. Aceitando passivamente e sem questionar, ideias alheias que não dão o devido tempo para parar, como ao se afastar os olhos da página do livro, olhando em volta, vagar, deixar os olhos descansarem na paisagem, nos móveis do quarto, numa imagem fugaz que se vai esmaecendo logo depois da última frase lida. Com a televisão, o Youtube, alguém sempre falando ao nosso redor, sempre falando…
O silêncio de um livro só pode ser superado, em minha opinião, ao silêncio de escutar os sons da natureza e ao silêncio da meditção quando nos encontramos com nossa alma.
Desde menina, eu sentia tudo isso, e ao me deparar com os novos pensadores, eu apenas reconhecia. Sim, era desse jeito mesmo.
As viagens astrais, eu as buscava, mas, até hoje, eu sinto medo e travo, não consigo avançar para fora, nunca.
E acredito. Porque acredito, tenho medo.
Mas, voltando à minha história. Na mesma época, sendo muito interessada na carreira de escritora que me salvaria do emprego ingrato, lancei um romance por minha conta, uma tiragem de duzentos e cinquenta exemplares dos quais vendi menos da metade na noite do lançamento, o resto fui vendendo ao longo dos anos seguintes e da minha trajetória muito sofrida e solitária.
Antes do lançamento do livro, pedi demissão porque minha loucura tinha começado logo depois do falecimento de minha avó. No seu último ano de vida, eu tinha conseguido finalmente escrever alguma coisa que tinha coragem de mostrar para muitas pessoas ao mesmo tempo.
Eu recebia trotes telefônicos, o apartamento fazia barulhos esquisitos, rápidos e muito altos e assustadores, não era alguma coisa dentro do apartamento, era O APARTAMENTO. Eu não ouvia vozes, eu escutava os vizinhos falando sobre minha vida, sobre meu jeito de ser, falando de mim. Não sobre mim, mas de mim. Minha amiga da época, que morava no apartamento ao lado, e meus tios que tinham também perdido sua mãe, que era minha avó, falavam sobre mim pelas minhas costas e eu levei todo este tempo, mesmo tendo sidos todos nós criados juntos, como irmãos, para descobrir que eles faziam parte de um grupo que eu tenho medo até de hoje de citar por escrito. Acredito que a palavra escrita tem muito mais força e alcance que a palavra falada, por causa da frequência. Nós alcançamos melhor as palavras escritas, elas ficam gravadas em nossa mente por mais tempo que as apenas escutadas ou verbalizadas. Por isso, basta saber que esse grupo não tem escrúpulos, no sentido que conhecemos, que é o dom de nos importarmos com o outro e nas consequências que nossos atos podem ter para aquela pessoa. Ninguém me contou nada, eu descobri a duras penas. Quando descobri, fiquei muito, muito louca. De fúria, de descontrole, e decepção, uma dor tão profunda que até hoje não consigo descrever. Porque eu os amava tanto e só estavam no grupo por dinheiro, por poder, simplesmente por aquilo. Coisas tão triviais e tão transitórias… Claro que eu também gosto de ganhar dinheiro, mas jamais faria com ninguém o que eles fizeram comigo para ganhar dinheiro e poder. Jamais. Foi difícil demais, nem queira saber. Depois do lançamento do livro, a doença já estava instalada e eu não quis tomar remédio tarja preta, nem continuar a psicanálise que meus tios exigiam. Eu sabia onde estava e qual era minha dor. Eu tinha entendido, depois de trinta e dois anos, que o mundo, o nosso mundo, aqui na Terra, é lugar muito assutador, cruel e triste. Muito sólido, onde o transcendente tem muito pouco valor. Porque é muito triste quando se ama e não se é correspondido. Eu amava desesperadamente, a todos, ao carinha da empresa, à vizinha intrometida, meus tios, minha irmã, amigos, todos, sabendo que pelo menos alguns faziam parte do grupo. Mantendo segredo de mim, porque, segundo as palavras da minha tia, eles ajudavam artistas…
Foi quando eu entendi que ninguém se importava mesmo com o que eu queria. Com quem eu era e quais eram meus sentimentos.
A duras penas cheguei ao ponto de conseguir passar no concurso dos correios, muitos, muitos anos depois, dos quais não preciso falar muito aqui, apenas que foram dezessete anos longos, sofridos e muito miseráveis, no sentido de suprir as necessidades mais básicas do primeiro degraus da pirâmide de Maslow. Para mim e para meu filho, sozinhos, lutando contra o mundo. Eu precisava descer aquele degrau, porque foi uma queda no abismo, cair da classe média quase alta, para a classe baixa, operária e desesperançada. Mas foi um bálsamo para mim, envolvida que estava na paranóia crescente que parecia que todos faziam parte do grupo. Descendo na escala, descobri que entrre as pessoas da classe baixa são raros os membros do grupo. Porque eles são reacinários, também, além de machistas e preconceituosos ao extremo. São ignorantes. Essa é a melhor palavra.
Então, no meio das pessoas de classe baixa, eu poderia conviver em paz e me curar, mas agora sabendo em que mundo real eu vivia.
Meu filho criado, sete anos trabalhando nos correios, a ambição cresceu enquanto eu lia e conversava com uma ou outra pessoa sobre a Lei da Atração, consumia fervorosamente informações sobre história, matemática, arte, sem saber que isso me levava lentamente a reencontrar aquela centelha que na juventude me fazia querer escrever e que eu repudiei quando enlouqueci. Viver melhor traz a fantasia de volta. É só para isso que precisamos de dinheiro, para ter tempo de sonhar e concretizar mais sonhos. A fantasia é fundamental para evitar a inatividade sentimental.
Então, prestei concurso para a Caixa, em 2011. Era um dos muitos concursos que eu tentava, porque achava muito cansativo e meio chato o trabalho dos correios, e eles brecaram meu desejo de ser gerente de agência, então, eu tinha quase nenhuma perspectiva. Estava estudando para ser Analista de Sistemas, também, no primeiro semestre. E nesse contexto, passei no concurso da Caixa. Fui chamada no final de 2012, em setembro, e me demiti dos correios.
Fiquei só dois meses na Caixa. Eles alegaram exatamente assim:
Meu perfil não é apropriado, eu tinha dificuldades de aprendizagem, e com pessoas mais velhas fica mais difícil. Eu tinha quarenta e oito na época.
Caso para processo. Processei. Consegui ser enganada até pela advogada.
Algo estava acontecendo, e eu não estava entendendo, porque eu não fazia, nem sequer sabia da existência da Ressonância, só tinha lido O Segredo, alguns livros de auto ajuda, e continuava acreditando na minha voz e luz interiores, porque, na mesma época da leitura do Ponto de Mutação, eu li também Alquimia Interior de Zulma Reyo, e li várias e várias vezes porque o livro traz exercícios práticos para muitas coisas, meditação e viagem astral. E é claro que eu nem chegava perto da viagem astral, até hoje tenho muito medo.
Mas lá estava eu, aos quarenta e oito, me sentindo muito desamparada, muito solitária, já que meu filho estava há um ano casado, e mesmo os dois morando comigo, já era muito diferente minha relação com ele. Eu estava mais sozinha e desamparada do que quando ele dependia de mim e eu não tinha tempo para parar e pensar.
Continuei estudando freneticamente para concursos durante todo o início de 2013, larguei a faculdade e troquei por artes. Nos dois meses em que trabalhei na Caixa, já tinha esse desejo, porque eu me distraio muito com artesanato e quero conhecer técnicas. Faço licenciatura em Artes Visuais e a cada aula fico extasiada, maravilhosa. É bem diferente de literatura, mas POSSO fazer as duas coisas.
E não passei com boa colocação em nenhum concurso mais. Passei, mas sem chances de ser chamada.
Logo, com dinheiro entrando por causa do seguro desemprego, tempo de sobra para ler e deixar a mente divagar, comecei a escrever.
E fui chamada para ensinar Artes Visuais para alunos de primeiro ao nono ano do ensino fundamental na minha cidade. Tive problemas o ano passado, mas esta é minha vida, agora, mesmo tendo sido afastada, vou voltar este ano, eu sei, e nesse meio tempo, escrevi uma trilogia que na verdade é composta de quatro livros, sendo que um deles, o quarto, é um anexo para o segundo e o terceiro. É uma boa história, mas eu não estou pronta para a repercussão, inclusive para a falta dela, então, eu deixo quieto, mas veja, depois de tantas peripécias, eu tenho muitas certezas:
A Caixa não é o melhor lugar do mundo para mim. Assim como os correios, como a empresa onde eu só ficava porque o carinha estava lá. Ambos são tranquilos e garantidos, mas eu adoro ensinar e aprender com as crianças, e meus artesanatos e divagações quando deixo meus sonhos fluírem para formar frases e contar histórias, ah, isso não tem preço.
Eu precisava contar. Acho que, se você é como eu penso, uma moça sem compromissos, sem um filho que depende só de você, e tem muito tempo para fazer o que quer, coloque na balança, veja o que seu coração quer, porque o coração contém puro amor, e você sabe, como ressonante, o que isso significa. E, principalmente, você já confiou no destino com aquela certeza de que o que você desejou, criou, já existe, não dá para fazer as duas coisas? Aceitar o trabalho e continuar com as fotos. As duas coisas, sem sentir que há limitação de qualquer espécie.
E, outra coisa, antes de terminar porque quero voltar para bolsinha de tricô que estou fazendo enquanto escuto uma palestra do Hélio Couto (neste momento, por coincidência, Visão Remota, Negócios In-formados.)
Valeu? Beijos, Cinthya. Se quiser me perguntar qualquer coisa, pode fazer pelo Face ou pelo meu email

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

UNA COM DEUS Eu Sou

Quem acompanha meu blog, certamente não entende a que veio, assim como eu, muitas vezes, me pergunto. Seu nome (do blog), Escrevendo, dá a pista maior, que é minha vontade impulsiva de escrever. Mas um blog, ora, precisa de assunto.

Acredito que encontrei. Aqui, neste momento, estou passando por transformações internas que ainda não consegui absorver completamente, mas, como sempre aconteceu em minha vida em relãção a livros, caiu um em minhas mãos sobre o qual, mais tarde, quando terminar de ler, farei uma resenha. Agora, preciso transcrever um trecho porque fiquei profundamente impressionada. Sem contar o fato de que o livro literalmente caiu em minhas mãos, a um preço módico (R$ 5,00 na feira de verão de Itapoá, onde estou trabalhando).

São tantas coisas sobre esta feira, também, sobre eu trabalhando depois de oito meses de desemprego e insegurança, que é certamente assunto para outra postagem. A de hoje é especial. Então, para quem gosta de ficção que acaricia a realidade, ou, melhor dizendo, para quem adora a licença poética que transforma alguém como eu, você, ou o autor deste livro maravilhoso, Mikael Lenyer, em amantes da energia divina que nos compõe a todos.

O título do livro é: A Raça Divina. E o trecho que escolhi, das cinco páginas que li até agora, fala bem sobre o que comecei a sentir desde que me dispus a aprofundar os conhecimentos sobre Física Quântica e Espiritualidade. Este trecho está na página 17 do Prólogo e vou transcrevê-lo exatamente como foi publicado.

E nos giros febris da vida, com esmero e persistência, lançaram suas almas retumbantes, como imensas redes, nos vastos espaços negros além do sistema solar. Com pompa, encheram esse braço da galáxia com o barulho de seus metais transformados, de sua ira, de seus poemas e de suas paixões, gritando aos confins do negro infinito: SOMOS OS HOMENS, SOMOS A RAÇA DIVINA!

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Já se vão séculos que nós, homens, domamos nossos medos e lançamo-nos confiantes ao espaço. Assim, determinados e afoitos, com as bençãos do tempo, atravessamos o escuro túnel das incertezas e singramos os oceanos infinitos. Com ardor e paixão, jogamo-nos esperançosos no negro espaço, que, descobrimos, teria somente o tamanho de nossos sonhos e de nossa confiança em nós mesmos.

Nossa vida sempre tem essa premência – não duraremos para sempre. Nosso tempo é finito! Quem sabe seja essa crença que nos faz afoitos e violentos. A morte nos exige pressa, inventividade, busca de novos caminhos – não podemos descansar; não podemos deixar que nosso caminho seja descontínuo, como várias vezes ocorreu.

Então, que o homem aprenda a ser gentil com as vidas diversas que sempre a acompanharam em sua longa estrada para que tenha direito a ela no futuro. Quem sabe quando este rempo virá?

Assim, peço a Deus que a esperança que tenho de que iremos acordar e reconhecer nossa loucura não seja vã e inocente, leve como uma poeira que se levanta, explode e se dispersa frente à tempestade negra e pesada que se anuncia, esmagadora e violenta, sobre o horizonte de nossos futuros. Afinal, surgimos há tantos e tantos milêncios e já passamos por tantas e tantas situações que, creio eu, algum dia, saberemos recohecer nossa ingratidão.

Mikael Lenyer

Por enquanto, era isso.  Quando voltar, pretendo aprofundar estas questões colocadas, mas preciso ler o livro todo, e, como todo o Ressonante que pratica, (ver: Grupo de EstudosCaminho das Palestras de Hélio CoutoVídeos do Professor Laércio Fonseca) muitas vezes me parece ter  milhares de coisas para fazer e falta tempo, mas, quando menos percebo, tudo está feito, porque FUNCIONA! Somos pequenos milagres, porque somos unos com Deus.

Amém. Namasté!

E, em tempo, um maravilhoso 2015!